Histórico do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP
Introdução
O Programa de Pós-graduação da Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (PPGS) foi constituído em 1971, mas é herdeiro de uma tradição que remonta às Cadeiras de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFLC/USP), instituição que marca a fundação da própria USP, em 1934, e que, desde a década de 1940, esteve responsável pela formação de doutores em Sociologia. Pelo PPGS titulou-se parcela significativa da geração de sociólogos que implantou programas congêneres em outras universidades públicas do país, ao passo que também constituiu as associações científicas que servem de referência ao nosso campo de atuação. Com isso, este programa tornou-se referência incontornável na história da emergência, afirmação e expansão da própria pesquisa sociológica brasileira.
Ao longo de mais de cinco décadas, o PPGS formou 1.143 pós-graduados em Sociologia. Neste expressivo resultado, sobressai a maioria de doutores (611) em relação aos mestres (532), evidenciando a maturidade do programa desde o seu surgimento e a importância da formação por ele oferecida. Dada a complexidade dos diferentes momentos da sua história, cujo conjunto compõe a identidade particular do Programa, optamos por apresentar uma síntese do seu desenvolvimento seguindo a periodização tripartida sugerida por Luiz Carlos Jackson e Alejandro Blanco (2014) para análise das ciências sociais no Brasil¹, a qual compreende as fases de institucionalização, expansão e especialização.
I. Institucionalização
Criados no âmbito da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), os estudos pós-graduados em Sociologia seguiam o modelo do antigo doutorado francês, o Doctorat d’État, cujo modelo era diverso do formato de pós-graduação que hoje conhecemos. O mestrado como nível de titulação existia exclusivamente na Escola Livre de Sociologia e Política, fundada pelo empresário Roberto Simonsen, em 1933, inspirado no modelo norte-americano e, particularmente, na Escola de Chicago. É nesta instituição que Florestan Fernandes defende, em 1947, a sua dissertação de mestrado intitulada Organização Social dos Tupinambá, sob a orientação do etnólogo Herbert Baldus.
O surgimento dos sistemas de pós-graduação como programas nas universidades públicas é tributário de uma reconfiguração mais ampla ocorrida após a Segunda Guerra, na qual os Estados Unidos se posicionaram como nova força hegemônica e, a partir desta posição, busca dar nova conformação às instituições dos países sob a sua esfera de influência (RIDENTI, 2022). Nas universidades, começou a ganhar força a ideia da administração como princípio da racionalidade institucional (CARLOTTO, 2014). Na sequência do golpe militar de 1964, avançou um tipo de modernização conservadora que promoveu, sob a inspiração desses valores, o enquadramento das universidades em um projeto de desenvolvimento centralizador, conduzido pelos agentes daquela nova ordem. A reforma universitária, de 1968 (Lei 5.540/1968), carreou a modernização das estruturas, promovendo transformações que já eram debatidas no início daquela década, como a substituição do regime de cátedras pelo modelo de departamentos, e introduzindo medidas como a institucionalização das carreiras acadêmicas, a exigência de títulos para a contratação e a progressão de docentes e a criação de uma política nacional de pós-graduação (MARTINS, 2009). Para a USP, o novo padrão representou a desmobilização da FFCL, com a criação de escolas e institutos cujos cursos eram concentrados, até então, naquela instituição². Representou também a censura e a perseguição – com prisões, torturas e assassinatos de membros dos quadros acadêmicos que se insurgiram contra o regime³. Em 1970, a FFCL foi reestruturada como Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), a sua denominação atual. A fundação do Programa de Pós-graduação em Sociologia, dirigida pelo professor Azis Simão, aconteceu um ano depois.
No período anterior à reforma, o curso de Ciências Sociais da USP possuía um corpo docente organizado em um sistema de cátedras⁴ – as chamadas Cadeiras – que vigorou entre 1934 e 1969 (PULICI, 2007). Os primeiros catedráticos de Sociologia foram Paul Arbousse-Bastide, Claude Lévi-Strauss, Fernando de Azevedo — que elaborou o projeto de criação da USP e do curso de Ciências Sociais — e Roger Bastide. As concepções de ensino e pesquisa que moldariam as Ciências Sociais na instituição derivaram dessa experiência inicial. A frente da Cadeira de Sociologia II, Roger Bastide tornou-se figura central no curso de Ciências Sociais e de toda a FFCL-USP até o seu retorno à França, em 1954 (JACKSON, 2007).
Durante sua permanência na USP, Bastide desempenhou papel central na formação de uma geração de sociólogos e sociólogas que viriam a se destacar no cenário acadêmico brasileiro. Amplamente reconhecido por seus estudos sobre a cultura afro-brasileira e sobre o sincretismo religioso, este integrante da Missão francesa⁵ foi orientador das três primeiras teses de doutorado na Sociologia, todas defendidas por mulheres: Annita de Castilho e Marcondes Cabral (“Observações sobre o conflito dos resultados dos experimentos sobre a memória de forma”, 1945), Lucila Hermann (“Evolução da estrutura social de Guaratinguetá num período de 300 anos”, 1945) e Gilda Rocha de Mello e Souza (“A moda no século XIX”, 1950).
Antes de deixar o Brasil, Roger Bastide indicou Florestan Fernandes como seu sucessor, em 1954. Para assumir a Cadeira de Bastide, Fernandes deixou a condição de assistente de Fernando de Azevedo, que o havia admitido, assim como a Antonio Candido e outros jovens cientistas sociais que se tornaram professores da USP e conquistaram renome. O relacionamento entre Bastide e Florestan havia se estreitado a partir da colaboração do jovem sociólogo no projeto de pesquisa sobre relações raciais no Brasil, patrocinado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e pelo qual o mestre francês era o responsável em São Paulo. Decorreu dessa parceria um novo arcabouço analítico sobre o tema das relações raciais, cujos resultados eram diversos das interpretações anteriores de Gilberto Freyre que, embora fossem hegemônicas à época, já recebiam contestações por parte dos jovens professores brasileiros da FFLC-USP desde os anos 1940 (CANDIDO, 2022 [1943]; MAIO, 1998; PONTES, 2001). Florestan Fernandes ocupou a regência da Cadeira de Sociologia I de forma interina, até a defesa da sua tese de cátedra, em 1964, com a obra A Integração do Negro na Sociedade de Classes, publicada como livro no mesmo ano (FERNANDES, 2021). Entre 1964 e 1969, o sociólogo paulistano ocupou a posição plena de catedrático, até ser cassado pelo Ato Institucional nº 5 do regime militar (AI-5), através de uma aposentadoria compulsória.
Como avaliam os estudos mais relevantes sobre as trajetórias dos intelectuais neste período (ver, entre outros, MICELI, 1989, ARRUDA, 2001, SPIRANDELLI, 2009), a Sociologia uspiana, como a conhecemos, recebeu um impulso decisivo da liderança exercida por Florestan Fernandes à frente de um grupo de discípulos e colaboradores que ficou conhecido no meio intelectual nascente como Sociologia Paulista. Conquanto a tradição de pesquisa tenha sido inaugurada nos primórdios da FFCL, este grupo colocou-se o desafio de criar uma abordagem acentuadamente científica para a Sociologia brasileira. Em par com o rigor metodológico, este grupo dedicou-se à produção de conhecimento novo e de interpretações inovadoras sobre temas candentes da realidade social do seu tempo, como a questão racial já mencionada. A partir desta temática, como destaca Luiz Carlos Jackson (2007), Florestan Fernandes e seus dois principais discípulos, Fernando Henrique Cardoso — eleito presidente do Brasil por dois mandatos, entre 1995 e 2002 — e Octavio Ianni, dariam os primeiros passos concretos em direção ao projeto Economia e Sociedade no Brasil encampado pelo grupo no início dos anos de 1960 (JACKSON, 2007). Fernandes foi orientador de mestrado (que era oferecido pela sua Cátedra) e de doutorado de ambos, e com eles repensou os processos de mudança social numa equação em que a periferia, e não o centro, assumiu o protagonismo na enunciação das questões sociopolíticas mais urgentes. Desta nova forma, emergiu da reflexão sobre a desigualdade entre brancos e negros uma nova maneira de pensar os dilemas da democracia brasileira (COHN, 2015).
Entre outros resultados, este novo modelo de ciência social, coletivamente produzida, resultou em muitas dissertações e teses de doutorado orientadas, relacionadas nas tabelas 1 e 2:
Tabela 1 – Dissertações de mestrado orientadas por Florestan Fernandes
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Tabela 2 – Teses de doutorado orientadas por Florestan Fernandes
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Em meio à repressão política posterior ao Golpe de 1964, e ao exílio forçado de diversos intelectuais brasileiros, o regime militar avançou no processo de reestruturação das instituições de ensino e pesquisa. Enquanto instituições criadas na década de 1950, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), passaram por severas readequações, novos organismos foram criados, com destaque para a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública fundada em 1967 e vinculada ao Ministério do Planejamento, e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi instituída por meio da Lei Estadual nº 5.918, promulgada em 18 de outubro de 1960, durante o governo de Carvalho Pinto, mas começou a operar efetivamente em 1962, após a nomeação de José Leite Lopes como seu primeiro diretor científico. Neste movimento ambivalente, que combinou a cassação de opositores e a expansão no mercado de postos acadêmicos, abriu-se uma nova via de profissionalização da carreira para a Sociologia. Embora Martins, Rodrigues e Souza (2023) destaquem que essas transformações possibilitaram o recrutamento de novos quadros entre as “camadas remediadas, imigrantes e mulheres – diferentemente da fase anterior em que a maioria dos seus praticantes eram membros de oligarquia em descenso” (MARTINS; RODRIGUES; SOUZA, 2023), a presença de imigrantes e seus descendentes na USP é registrada desde a criação da Universidade e, ainda antes, das escolas superiores que passaram a integrá-la em 1934.
O fim das Cátedras na USP, decretado em 15 de janeiro de 1970, produziu a passagem de um modelo que também era avaliado como “tutorial” – em razão da centralidade exercida pelos catedráticos – para um arranjo, em princípio, menos hierarquizado na organização dos estudos pós-graduados e na estrutura dos departamentos. Neste novo contexto foi criado o Curso de Pós-graduação em Sociologia.
II. Expansão
Entre o início dos anos 1970 e a primeira metade da década de 1980, a pós-graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo viveu um processo de expansão e diversificação, adquirindo um caráter propriamente programático. Os cursos passaram a se organizar em uma estrutura departamental e, a partir de então, o Departamento de Ciências Sociais registrou um incremento significativo de seu corpo docente (de 44 para 63), enquanto multiplicou-se o número de docentes com título de doutorado (de 10 para 46).
Se a profissionalização da carreira e o financiamento público da pesquisa ocorriam em meio aos controles impostos pela ditadura militar, experimentava-se, ao mesmo tempo, uma diversificação progressiva do repertório temático. Como recorda Irene Cardoso sobre este período: “Passou a não haver mais, naquele momento, na estrutura departamental, nenhum tipo de imposição temática, pelo contrário, o que pode ser chamado de diversidade talvez seja expressão do fato de que as pessoas realmente passaram a estudar o que elas desejavam naquele momento” (VOLPE, 2024). A década de 1970 também representou um momento de ampliação da presença feminina no programa. Jovens sociólogas (Irene Cardoso, Maria Célia Paoli, Maria Helena Oliva Augusto e Heloísa Fernandes) foram admitidas como auxiliares de ensino e, em seguida, como docentes permanentes. Nessa condição, exerceram cargos importantes em ambientes predominantemente masculinos, tais como a chefia do Departamento de Sociologia e a coordenação do PPGS. O trabalho de Maria Isaura Pereira de Queiroz na fundação do Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU) e na orientação de 12 dissertações de mestrado e de 17 teses de doutorado também evidencia a importância que as mulheres passaram a ter a partir desse período (PINHEIRO, 2016).
Não se pode falar na expansão da Sociologia no Brasil sem destacar a criação da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs). Desde a sua fundação, em 1977, esta organização tornou-se palco privilegiado tanto para a reflexão sobre a institucionalização dos cursos de mestrado e doutorado nas ciências sociais, como para a observação da crescente diversificação de temas pesquisados e dos métodos empregados, como ainda para o cultivo de um esprit de corp mais denso entre cientistas sociais de diferentes programas e realidades, que, passando a confraternizar, colaborar e a disputar entre si, avançaram na sedimentação deste campo de conhecimento. Ademais, como observam Martins, Rodrigues e Souza (2023), a Anpocs promoveu, especialmente nos anos 1980, um encontro intergeracional dos cientistas sociais formados na dinâmica institucional anterior e posterior a 1964. Esse momento, para os autores, fica evidente nas figuras que ocuparam a presidência da associação. Docentes do Departamento de Ciências Sociais da USP e, após a sua desagregação, do PPGS/USP desempenharam papel destacado no processo de consolidação da Anpocs e do seu principal periódico (Revista Brasileira de Ciências Sociais), bem como na definição de sua agenda de trabalho, assumindo diferentes cargos de gestão ao longo dos anos, listados a seguir:
Tabela 3 – Docentes da FFLCH/USP na direção da Anpocs
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III. Especialização
A terceira fase do PPGS tem seu início em 1987, com o processo de tripartição do Departamento de Ciências Sociais na FFLCH/USP. Trata-se de um passo significativo rumo à autonomização e à especialização do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, visto que este sempre manteve uma ligação estreita com o Curso de Graduação em Ciências Sociais da FFLCH/USP. Os professores de pós-graduação foram e são, em sua maioria, docentes da graduação. Não raro, os projetos de pesquisa apresentados no processo seletivo de ingresso no PPGS são iniciados nas disciplinas de métodos e técnicas de pesquisa ou sob a forma de iniciações científicas vinculadas aos Núcleos, Centros e Grupos de Pesquisa. Papel de destaque nesse panorama possui o Núcleo de Estudos da Violência (NEV). Fundado em 1988, o NEV foi um dos Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp e responsável pela produção de uma quantidade notável de teses e dissertações premiadas, bem como de pós-graduandos(as) que vieram a se tornar docentes do Departamento e do Programa de Pós-graduação em Sociologia.
Um par de anos depois da criação do Departamento de Sociologia, foi lançada a Tempo Social (Revista de Sociologia da USP). Atualmente considerada como de excelência internacional, a publicação é um canal privilegiado para disseminação da produção de docentes e discentes do PPGS, mas também da produção sociológica nacional e internacional. A disseminação da pesquisa realizada no âmbito do PPGS/USP e em outros programas – com ênfase na produção discente – realiza-se por meio da Plural – Revista de Ciências Sociais. Fundada em 1994 e editada de forma conjunta por docentes e discentes do PPGS, este período constitui uma espécie de laboratório no qual estudantes de mestrado e doutorado, sob coordenação de um/a docente, se exercitam na abertura de chamadas à submissão de trabalhos, na recepção, distribuição e produção de pareceres sobre os textos recebidos, nos processos que envolvem a montagem de dossiês temáticos coordenados por pesquisadores convidados, e na organização de eventos acadêmicos. Sob a supervisão direta de docentes, este periódico garante visibilidade ao conhecimento oriundo de dissertações e teses.
Em fins dos anos 1980, como parte do processo de especialização das Ciências Sociais, foram retomadas as atividades da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) que tinham sido interrompidas durante a ditadura militar. Segundo Martins, Rodrigues e Souza (2023, s/n): “a junção das lógicas da organização departamental e da atuação institucional da SBS tiveram o efeito de reconfigurar a prática do trabalho sociológico nas últimas décadas”. De fato, além de espaço institucional legítimo para a discussão de questões relativas aos cursos de graduação em Ciências Sociais, a SBS foi se firmando como arena na qual as estratégias de institucionalização da pós-graduação em Sociologia têm sido atualizadas diante dos novos desafios postos pela realidade brasileira. Novamente, ganham destaque docentes do PPGS/USP no desempenho de funções-chave desta instituição (Tabela 4)
Tabela 4 – Docentes da FFCL/FFLCH/USP na direção da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) entre 1937 e 2025
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No tempo presente, a liderança do PPGS junto à comunidade acadêmica se reflete na notável frequência com que nossos docentes são indicados para tomar assento em conselhos de órgãos públicos e de direção acadêmica, destacamos, especialmente, os comitês assessores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a coordenação da área de Sociologia na Capes e o Conselho Técnico Científico dessa mesma instituição. Ademais, temos nada menos que três docentes como membros titulares da prestigiosa Academia Brasileira de Ciências: Nadya Guimarães, Sérgio Adorno e Sérgio Miceli. Maria Arminda do Nascimento Arruda, além de membro da Academia Paulista de Ciências, tem ocupado diversos cargos de alta relevância no âmbito da Universidade de São Paulo: Pró-reitoria de Cultura e Extensão, Diretoria da FFLCH e, mais recentemente, Vice-reitoria da USP (2022 – 2026).
Em paralelo à atuação nas associações científicas e agências de pesquisa nacionais, destacamos a significativa a vinculação de docentes do PPGS a associações científicas internacionais, com destaque para mais gerais da área: International Sociological Association (ISA), com participação em corpos diretivos de vários de seus Research Committees, Latin American Studies Association (LASA) e a Asociación Latinoamericana de Sociologia (ALAS).
Enfim, convidamos os leitores e as leitoras deste texto a navegar pela página de nosso programa para conferir os detalhes de seu funcionamento hoje, bem como os muitos motivos que têm seus docentes e discentes para sentir orgulho da nossa história.
Bibliografia
ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. “Florestan Fernandes e a Sociologia de São Paulo”. Metrópole e Cultura. São Paulo no Meio século XX. Bauru: Edusc, 2001, pp. 189-330.
CARLOTTO, Maria Caramez. Universitas semper reformanda? A história da Universidade de São Paulo e o discurso da gestão à luz da estrutura social. Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2014.
CANDIDO, Antonio. “Plataforma da nova geração”. In: CANDIDO, Antonio. Textos de intervenção. São Paulo: Editora 34, 2002 [1943], pp. 237-250.
COHN, Gabriel. A margem e o centro. Travessias de Florestan Fernandes. In: Sinais Sociais, v.10, n.28, 2015, Rio de Janeiro: Sesc.
FALCÃO, Joaquim. “A luta pelo trono: Gilberto Freyre versus USP”. In: FALCÃO, Joaquim; ARAÚJO, Rosa Maria Barbosa de (Org.). O Imperador das ideias: Gilberto Freyre em questão. São Paulo: Fundação Roberto Marinho: Topbooks, 2001, p. 131-167.
FÁVERO, Maria de Lourdes Albuquerque. “Da cátedra universitária ao departamento: subsídios para a discussão”. Reunião Anual da ANPED, v. 23, p. 1-15, 2000. Disponível em: http://23reuniao.anped.org.br/textos/1118t.PDF. Acesso em: 18 mar. 2018.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Editora Contracorrente, 2021.
JACKSON, Luiz Carlos e BLANCO, Alejandro. “Florestan Fernandes no espelho de Gino Germani”. Sociologia & Antropologia, v. 04, 2014, p. 127-161.
JACKSON, Luiz Carlos. “Tensões e disputas na sociologia paulista (1940-1970)”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 65, 2007, p. 33-49.
MAIO, Marcos Chor. “O Brasil no concerto das nações: a luta contra o racismo nos primórdios da Unesco”. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, v. 5, n. 2, 1998, pp. 375-413.
MARTINS, Carlos Benedito; RODRIGUES, Lidiane; SOUZA, Sávio Barros. “A pós-graduação em Sociologia no Brasil. Consolidação, expansão e diversificação de um espaço (1990-2018)”, 2023. Disponível em https://revistacienciaecultura.org.br/?artigos=a-pos-graduacao-em-sociologia-no-brasil. Acesso em 10 de setembro de 2024.
MARTINS, Carlos Benedito. “A Reforma Universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil”. Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n. 106, 2009, pp. 15-35.
MERKEL, Ian. Termos de Troca: Intelectuais Brasileiros e as Ciências Sociais Francesas. São Paulo: Edusp, 2023.
MICELI, Sergio. (Org.) História das Ciências Sociais no Brasil. São Paulo: Vértice/Editora Revista dos Tribunais/Idesp, 1989, pp. 72 -110.
PINHEIRO, Dimitri. “Jogo de damas: trajetórias de mulheres nas ciências sociais paulistas (1934-1969)”. Cadernos Pagu, n. 46, 2016, p. 165–196.
PONTES. Heloisa. “Entrevista com Antonio Candido”. Revista Brasileira de Ciências Sociais – vol. 16 nº. 47, 2021, pp. 5-30.
PULICI, Carolina. “De como o sociólogo brasileiro deve praticar seu ofício: as cátedras de Sociologia da USP entre 1954 e 1969”. Perspectivas, São Paulo, v. 31, 2007, pp. 97-120.
RIDENTI, Marcelo. O segredo das senhoras americanas: Intelectuais, internacionalização e financiamento na Guerra Fria cultural. São Paulo: Editora Unesp, 2022.
SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Maria Antônia: uma rua na contramão. São Paulo: Studio Nobel, 1988.
SPIRANDELLI, Claudinei Carlos. Trajetórias intelectuais: professoras do Curso de Ciências Sociais da FFCL-USP (1934-1969). 2009. Tese (Doutorado em Sociologia) - FFLCH, Universidade de São Paulo (USP). Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-18082009-122601/p…;
VOLPE, Maíra Muhringer. Bionota de Irene de Arruda Ribeiro Cardoso. Disponível em https://sbsociologia.com.br/project/irene-de-arruda-ribeiro-cardoso/. Acesso em 10 de setembro de 2024.
Notas
¹ Escrito a muitas mãos, gostaríamos de deixar registrado uma cooperação em particular por ser a única discente: Tales Mançano. Institucionalização das Ciências Sociais na USP: ensaio de pesquisa sobre as transformações na hierarquia institucional da Sociologia da USP. (no prelo).
² Ver acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP). Disponível em https://www.ieb.usp.br/reforma-univer/. Acessado em 1 dez. 2024.
³ O Relatório Final da Comissão da Verdade da USP, instituída em 2013, sistematizou esses ataques. As violações do período totalizaram 47 mortos e desaparecidos, sendo 39 alunos, 6 professores e 2 servidores. Disponível em https://sites.usp.br/comissaodaverdade/relatorio-final/. Acessado em 1 mai. 2025. Desde 2023, a USP realiza o programa Diplomação da Resistência, pelo qual está conferindo diplomação honorífica aos alunos assassinados pelo Regime Militar. Disponível em https://prip.usp.br/projetos/diplomacao-da-resistencia/. Acessado em 1 mai. 2025.
⁴ No Brasil Império, o regime de cátedra constituía o núcleo ou alma mater das instituições de ensino superior. Com a Reforma do Ensino Superior, de 1931, foram estabelecidos novos critérios de provimento por concurso público, mas a posição seguia como a mais alta na hierarquia docente. Após dez anos no cargo, o catedrático poderia ser reconduzido por meio de um concurso restrito de títulos e, uma vez reconduzido, adquiria vitaliciedade e inamovibilidade (assegurando que não poderia ser transferido arbitrariamente). Para uma análise das reformas educacionais que arbitraram sobre esse regime ver Fávero (2000) e Falcão (2001).
⁵ Missão francesa é o termo atribuído ao grupo de professores contratados na França que constituiu o primeiro quadro de docentes da FFCL/USP. No Relatório sobre os professores franceses (1934 – 1987) produzido pelos professores Azis Simão, Eduardo d’Oliveira França e José Ribeiro de Araújo Filho, os autores explicam que esta presença se deveu à decisão dos fundadores da USP de buscar professores daquela nacionalidade para os cursos de humanidades, entre outros europeus para as demais áreas do conhecimento. No primeiro ano, os contratados mantiveram-se por não mais que um semestre, passando a ser substituídos, a partir de 1935, por agregés – professores recrutados pelo sistema francês, em início de carreira, que deveriam permanecer no Brasil pelo período mínimo de dois anos. Como estudos mais recentes analisam, muitos desses jovens professores, ao retornarem para a França, se consagraram em suas áreas de atuação, sendo a passagem pelo Brasil uma experiência decisiva no seu amadurecimento como intelectuais (MERKEL, 2023). Esse segundo grupo de professores passou a contar com assistentes escolhidos entre os seus ex-alunos brasileiros, os quais se tornaram seus sucessores. O referido Relatório destaca ainda um terceiro tipo de cooperação mantida entre Brasil e França, analisada entre as décadas de 1950 e 1980, mas vigente nos dias atuais, na qual abundam os professores-visitantes franceses que desenvolvem atividades docentes e de pesquisa de curta duração na USP (SANTOS, 1988).