Linhas de Pesquisa

1. Sociologia: teoria e história

A linha de pesquisa abrange estudos em história dos cânones explicativos da sociologia, em sociologia da ciência, inclusive em perspectiva comparada, e a análise dos modelos de interpretação nucleares à inteligibilidade da razão sociológica. Tal postura reflexiva busca restituir as linhas de força postuladas pelos inventores da disciplina nos séculos XIX-XX, revitalizadas pelos mentores da sociologia contemporânea, nas vertentes conspícuas das práticas disciplinares no centro e na periferia. Sendo essa reflexividade heurística transversal às demais linhas de pesquisa atuantes em nosso programa, a área de teoria e história da sociologia se alimenta das pesquisas cuja consecução tenha respaldado a gestação inovadora de recursos analíticos e conceituais derivados do trabalho com materiais empíricos. Por essa razão, investigações referidas às histórias das sociologias especiais e a seus fundamentos teóricos são partes constitutivas na agenda desta linha de pesquisa. 

 

2. Cultura e poder simbólico 

A linha de pesquisa investiga as relações existentes entre o universo simbólico, das representações sociais, da produção intelectual, científica e artística, da educação e da religião e as esferas de poder institucional e social. Os trabalhos desenvolvidos exploram as diversas modalidades de inscrição da cultura no interior da vida social e das instituições políticas, sobretudo o Estado, abarcando amplo leque de temas: das artes, da literatura, do pensamento social brasileiro, do cinema, da história social dos intelectuais, dos cientistas e dos especialistas, da indústria cultural, das expressões artísticas populares, da educação e das filiações religiosas. O universo empírico é explorado segundo diversos aportes teórico-metodológicos, configurando-se tanto como um mundo social a ser conhecido, quanto como formas expressivas a serem interpretadas do ponto de vista sociológico.

 

3. Dinâmicas de classe, raça, gênero e geração 

Os grupos sociais que denominamos "classe", "raça", "gênero" e "geração" se formam a partir de processos sociais e históricos que definem identidades coletivas. A partir de quais elaborações teóricas podemos usar essas denominações como conceitos analíticos da sociologia? Tais conceitos são imprescindíveis na análise de fenômenos macrossociais, dentre os quais o racismo, o antissemitismo, o machismo, a misoginia e a LGBTfobia, para citarmos alguns exemplos. Essa linha se dedica a desenvolver análises de sujeitos coletivos em configurações sociais específicas, sob determinadas estruturas de oportunidades e em conjunturas políticas particulares. Busca entender o modo como, entre as múltiplas identidades que marcam a posição social dos indivíduos, algumas delas são realçadas para o convívio social, para a definição de posições no mercado de trabalho, para a produção de fronteiras sociais e simbólicas, para a luta política e para a definição de desigualdades e hierarquias sociais. O diálogo transdisciplinar, tanto quanto o recurso a múltiplas e combinadas estratégias metodológicas dão a tônica aos estudos em curso. 

 

4. Economia, trabalho e sociedade

As conexões entre economia e sociedade formam o solo comum para as pesquisas desta linha, que se desdobra em quatro vertentes. A primeira privilegia o estudo das instituições de regulação do mercado e das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação, almejando contribuir com as ações de governo e de instituições de pesquisa para elevar a posição do Brasil no contexto internacional. A segunda se insere no debate internacional sobre o “futuro do trabalho”, abordando os impactos das novas tecnologias digitais sobre os mercados e as relações de trabalho. A terceira está sintonizada com o debate contemporâneo sobre a “crise da reprodução social”, com foco na economia do cuidado. A quarta se enquadra no campo da sociologia econômica, com estudos sobre a construção social de mercados. De caráter transdisciplinar, explora perspectivas teóricas e metodológicas distintas, atuando nas fronteiras da sociologia com diversas disciplinas de ciências humanas e em diálogo com as ciências exatas e da vida.

 

5. Estado, Política e ações coletivas 

A linha de pesquisa reúne estudos sobre as relações de cooperação e conflito entre sociedade e estado, que definem a tomada de decisões e a direção das políticas públicas, investigando as disputas entre diversos atores sociais e suas formas de mobilização e protesto, de representação de interesses e de expressão de identidades simbólicas. Elites econômicas, políticas e culturais, sindicatos e associações de trabalhadores, entidades do terceiro setor, grupos religiosos, movimentos sociais, associações científicas, comissões governamentais, fundações privadas são exemplos de atores sociais estudados nas pesquisas que compõem esta linha. A linha engloba estudos de caso sobre o Brasil, comparações entre países e regiões, e análises de dinâmicas e interações transnacionais, em conjunturas contemporâneas e processos de longa duração. 

 

6. Cidades: interações, desigualdades e (i)mobilidades socioespaciais

Esta linha de pesquisa reúne estudos sobre a dimensão socioespacial da vida nas cidades, a partir de três eixos principais. O primeiro trata das regras de interação social (não)cotidiana em lugares públicos, privados e/ou íntimos, de natureza presencial ou virtual, que são exploradas quanto ao que suas temporalidades e espacialidades, em momentos históricos diversos, revelam sobre a (re)produção do espaço urbano. A segunda investiga as formas e dinâmicas da conflitualidade urbana, com suas redes de atores e mediações sócio-urbanas, que expressam, ao mesmo tempo em que constituem, as práticas e os repertórios das lutas pelo/no espaço e dos ilegalismos urbanos (com ênfase no ordenamento e gestão de mercados informais/ilegais). A terceira aborda as disputas em torno dos fluxos de corpos, coisas, imagens e informações em diversas escalas de espaço (do local ao transnacional) e do tempo (do trabalho e do não-trabalho), referidos a regimes de mobilidades e às infraestruturas fixas que os sustentam, potencializam ou bloqueiam. Referências teóricas provêm das sociologias urbana, da vida cotidiana, do conflito, do espaço e das mobilidades, sempre em diálogo interdisciplinar, em especial com a antropologia, a geografia, a arquitetura, o urbanismo e a história. 

 

7. Violência, direitos e cidadania

Esta linha reúne investigações cujo núcleo comum é a abordagem da violência em suas múltiplas dimensões e efeitos na vida social. Esse propósito geral compreende: o tratamento polissêmico do conceito bem como de sua fenomenologia, tipos e modalidades de ação; imagens, representações e significados da violência; caracterização de instituições de exercício da violência e da punição, polícias, justiça criminal e prisões. A linha contempla distintas metodologias de observação, análise e interpretação, privilegiando perspectivas contemporâneas, e explora a emergência de um novo paradigma da violência associado a mudanças globais, em quatro níveis – sistema internacional, Estados nacionais, mutações societais e individualismo contemporâneo – as quais alteram percepções e representações e inclusive as teorias explicativas no domínio das ciências sociais.